É um novo dia, tenho que sair da cama, vou sair da cama… Daqui a pouco, só mais um pouco do grande nada que tenho em minha cama, para dar espaço ao grande vazio que tenho dentro de mim.
Nada… Não quero nada, não sinto nada, só quero que o nada pare de ser nada… Que seja algo! Todos me perguntam como estou, e respondo sorrindo: “- Bem e você?” Mas queria dizer: -“Nada e você?”
Não sinto raiva, nem sei se tristeza, é um grande vazio cinzento e pesado. Isso eu sinto, o peso… Sobre a minha nuca, costas e as pernas! Ah, as pernas se arrastam…
Coloco o fone de ouvido e a cara de tudo bem, no almoço dou risada das piadas sem graça dos colegas de trabalho, me esforço para não ser rotulado como o mais desanimado dos seres, no trabalho.
Queria resolver, já tentei ver vídeos de motivação, ir a palestras e acho que já tentei de tudo. Mas falar sobre isso, pra quê? De que vai resolver falar sobre os meus medos e problemas? Pagar por isso jamais! Onde já se viu, pagar pra falar de problema…
Às vezes minha família reclama ás vezes, por estar calado de mais ás vezes, por estar irritado de mais. Eles nunca estão contentes e olha que eu faço tudo! Trabalho, trabalho, e estudo, estudo e ainda querem meu sangue!
Cansei, cansaço… Finalmente minha cama… O sono não vem, de um lado, para o outro, uma volta um copo d’água, cama e nada de sono. Um remédio? Sono… Sonho… Alarme! Já?
É um novo dia, tenho que sair da cama, vou sair da cama… Será depressão? Frescura isso aí! Não sou rico, não tenho tempo para isso! Mas me sinto mal, doente, será que adoeci e nem percebi?!
O texto acima é um compilado de relatos que ouço constantemente no consultório, sim a depressão é uma doença que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) afeta cerca de, 300 milhões de pessoas no mundo. No Brasil a estimativa de 2015, era que aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros sofressem com a doença.
Como toda doença mental ela tem seus estigmas, e um deles é acreditarmos que quem tem depressão não vive ou sai da cama. A vontade de não sair da cama é forte para algumas pessoas, mas muitas convivem com a doença e trabalham, estudam, fazem as tarefas domésticas.
Ou seja, uma pessoa que tem depressão pode estar bem ao seu lado, dizendo que está tudo bem. Pois não conhece a doença ou tem medo de ser taxado de algo que não é, como preguiçoso, chato, fresco.
É importante que possamos separar a tristeza da depressão. A tristeza é uma das nossas principais emoções e ela nos permite reconhecer o que nos desagrada, aflige, e ela é esperada em diversos momentos de nossa vida.
A depressão tem como seus principais sintomas: a sensação de vazio, uma tristeza sem fim, irritabilidade, alterações de sono (insônia ou dormir demasiadamente), alterações no apetite, sensação constante de cansaço, falta de concentração, lentidão, tédio.
Assim, esta doença, não é somente a tristeza, é um conjunto de sintomas que muitas vezes, infelizmente, são chamados de “frescura” ou “falta do que fazer” em nossa sociedade. Precisamos conhecer e falar sobre a doença para que possamos ajudar as pessoas que precisam de tratamento.
O diagnóstico só pode ser feito por um profissional, psicólogos e psiquiatras são os indicados para realiza-lo e lhe dar toda a orientação necessária. O tratamento compreende psicoterapia e pode ter a intervenção medicamentosa, e há ganho de qualidade de vida com o tratamento.
Caso tenha dúvidas e queira saber mais, deixe o seu comentário!
Leia para compreender um pouco da relação machismo, Síndrome de Peter Pan e responsabilidade de acordo com a psicologia.
Psicólogas participantes do Janeiro Branco contam um pouco das suas visões sobre a Campanha brasileira...
Você sente que está em uma constante busca de equilíbrio? Vamos pensar sobre isso?
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Realizo consultorias além de ministrar cursos e palestras em escolas, universidades,empresas e instituições. E conduzo supervisão e grupos de estudos sobre as temáticas suicídio, depressão, orientação de carreira e vocacional, atendimento clínico, ansiedade, entre outros…